O Ministério da Saúde confirmou 34 ocorrências de sarampo em território brasileiro desde o início de 2025. As informações constam no mais recente boletim da Semana Epidemiológica 38, referente ao período de 29 de setembro a 5 de outubro.
Diante do risco de reintrodução do vírus no país, a pasta publicou, na segunda-feira (13/10), um alerta direcionado a estados e municípios. O documento orienta que sejam intensificadas as ações de vigilância e o monitoramento de pacientes com sintomas compatíveis com o sarampo.
Em relação à origem dos registros, nove casos foram importados, trazidos por pessoas que regressaram de viagens internacionais. Outros 22 foram resultado de contato com infectados vindos do exterior, enquanto três apresentaram semelhança genética com variantes detectadas em outros países.
Atualmente, os estados do Tocantins, Maranhão e Mato Grosso figuram entre as áreas classificadas pelo Ministério como em situação de surto ativo. No Tocantins, o foco foi durante o mês de julho, no município de Campos Lindos, após o retorno de quatro brasileiros que haviam permanecido um mês na Bolívia. A baixa adesão à vacinação na comunidade onde residem os pacientes facilitou a disseminação rápida da doença.
No caso do Maranhão, o surto está associado a um único registro confirmado: o de uma mulher de 46 anos, não vacinada, moradora de Carolina, cidade que faz divisa com Campos Lindos. Segundo o Ministério, a paciente teve contato direto com integrantes da comunidade tocantinense, o que resultou na infecção.
Em Mato Grosso, o surto não tem relação com os casos registrados em Tocantins, embora a origem também esteja associada a brasileiros que retornaram da Bolívia. A transmissão foi identificada em Primavera do Leste, onde três integrantes de uma mesma família, todos sem histórico de vacinação, foram diagnosticados com a doença.
Vacinação em Queda
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) atribui o retorno do sarampo à redução da cobertura vacinal no país. De acordo com a diretora da entidade, Isabella Ballalai, os casos importados não são novidade, mas o cenário atual difere por causa do número crescente de pessoas suscetíveis à doença.
“Os casos importados aconteciam, tanto um estrangeiro vindo para cá, quanto um brasileiro que viajou e voltou com sarampo, porém, a situação era resolvida porque a nossa vigilância era boa. O sarampo antes entrava e encontrava todo mundo vacinado e não causava surto. Agora ele chega e encontra várias pessoas suscetíveis”, comentou.
Dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) indicam que, em 2024, o Brasil registrou 95,7% de cobertura vacinal da primeira dose da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e 74,6% da segunda. No entanto, em 2025, os índices caíram para 91,2% e 74,6%, respectivamente, ficando abaixo da meta mínima de 95% estipulada pelo Ministério da Saúde.